domingo, maio 06, 2012

Eu que sempre fui escritora de gaveta confessa e resignada, redescubro meu pobrezinho blog amarelando no fundo da gaveta.
Contraí uma grande dívida para com as palavras, elas que sempre foram minhas amigas, companheiras, que sempre mitigaram minhas dores e angústias à medida que permitiam que, através delas, eu as dividisse com esse espaço indefinido, que as esparsasse em papéis, caderninhos, agendas; elas que, de alguma forma, são meu ganha pão, já que, talvez, setenta porcento do meu trabalho seja escrever.
Há muito não divido com essas minhas amigas o que de importante tenho trocado com a vida, não as tenho dito e dito por elas o que trouxe e o que deixei por esses caminhos que tenho experimentado, e foram muitas coisas, muitas trocas que me fizeram rir, chorar, que me apuraram, me forjaram, me fizeram outra sendo a mesma. Essa transformação mágica que a vida faz.
Volto aqui, pois, para fazer as pazes com essas companheiras, para dizer que as quero de novo perto de mim, numa relação íntima e estreita. para elas quero voltar a confessar minhas aventuras, desventuras e sentimentos e reprisá-los todos por meio delas, compreendê-los e vivê-los de uma maneira melhor e mais colorida.


domingo, fevereiro 15, 2009

Confessional....

Estava eu em um dia ordinário, entre coisas ordinárias.
Ele aparece e eu nem sei de onde veio.
Disse: "Olá", e disse como se já me conhecesse, intimista demais, eu achei.
Eu respondi, não no mesmo tom, a mesma coisa: "Olá"!
Embora a gente tenha cumprido aquele "script" de pessoas que acabam de se topar: "o que você faz", "do que você gosta", "que música ouve", eu pude perceber entre respostas e jeito de perguntar que não se tratava de alguém ordinário e comum, como vinha sendo aquele dia até então.
E então a curiosidade substituiu a mera polidez e passou a motivar a conversa...nos falamos por duas horas, talvez. Ele precisava estudar e eu precisava nem me lembro o quê, mas precisava fazer alguma coisa.
Deixei meu número de telefone com ele, juntamente com o "combinado" de tomarmos um café ou um vinho (ele não gosta de cerveja) no final de semana seguinte.
Veio a segunda-feira com todos os aborrecimentos que todo início de semana me trazia àquela época...o mau humor, a frustração por estar em um trabalho que não me agregava nada além de um salário que estava um tanto longe do que eu acreditava merecer.
No meio da semana uma novidade que eu até consegui achar boa naquele contexto: uma licença médica. O corpo gritando por socorro em nome da mente surrada, em frangalhos.
Pifei! Ufa!
Ao chegar o fim de semana, eu só queria ficar em casa, com a paisagem nublada e chuvosa do outro lado da janela, meus livros, meus filmes e a desordem dos meus pensamentos.
Eis que o telefone toca: e eu torci tanto pra que ele simplesmente tivesse deixado essa idéia de café pra lá.
Não deixou! Eu apresentei a escusa do meu estado de saúde...ele não se demonstrou muito convencido..eu já tive um poder de dissuasão maior.
Protelado o encontro em dois dias..
Domingo. Fim de licença médica. Chuva. Vento frio. Aqueles dias meio loucos de setembro último.
Me encontrei com ele nos primeiros minutos da noite.
Tem ascendência árabe, tenho certeza. Olhos escuros muito expressivos, sobrancelhas grossas.
Boca pequena..Deus, como eu gosto de bocas como a dele.
Perfumado, divertido, inteligente, bem vestido.
E a juventude dele, que me causou tanta preguiça em um primeiro momento, me parecia tão encantadora..tão jovem e com o espírito aparentemente tão antigo.
Enquanto ele falava comigo, os olhos árabes dele cresciam e brilhavam ainda mais e eu ia me perdendo lá por dentro daquela escuridão...os olhos dele tomavam todo o espaço que existia.
E lá dentro estou, desde então, desde aquela noite estranha de setembro, tentando achar a saída.....

Sobre gostar de cães


Algumas pessoas não conseguem ver sentido em gostar tanto de cães.
Gostar como se eles fossem uma "pessoa", "alguém da família".
É exatamente assim que eu vejo meus cães, desde o primeiro cachorro que eu tive: um vira-latas cor de caramelo, que se chamava Bob e ia passear pelo bairro sozinho pela manhã.
Um dia, Bob amanheceu morto na minha garagem. Envenenado.

Na verdade, sempre considerei meus cachorros grandes amigos. Dos melhores que se pode ter.
Vejo neles esses pequenos gestos de ternura que fazem tanta falta no mundo, e cuja falta vai, com o passar do tempo, deteriorando relações, aumentando distâncias, tornando tudo mais frio.

Acolhida com a companhia silente, mas sempre muito leal e interessada...olhinhos fitos, cabeça alta. É incrível como eles sempre sabem..eles sempre sentem. E estão sempre lá. E fazem com que você saiba disso também.

É por isso que eu sempre me abalo muito quando um deles se vai. Fica maior aquela falta das pequenas amabilidades.

Agora foi a Ju..vítima de uma doença estranha, que chegou sem mais nem menos, em uma dia que ela brincava e comia e corria e dava seus pulinhos engraçados pra receber quem chegava.

Em dois dias ela teve completamente destruído o seu sistema nervoso..mas na última hora, já combalida pela dor, ela parou de gemer e reuniu forças pra levantar a cabecinha e lançar o último olhar terno pra minha irmã e meu pai que, muito infelizes, autorizaram a eutanásia.

Adeus, Ju maluquets! A gente fica aqui com o coração pequenino e apertado de saudades de você!

E eu acredito que você sabia que ficaríamos.. ♥

sexta-feira, janeiro 16, 2009

"Ai de nós! Os anos correm céleres!"


Há pouco tempo atrás, decidi não mais fazer resoluções de ano novo, porque elas só serviam pra fazer com que eu me sentisse ridícula - e dependendo da inspiração melancólica do dia - com 365 dias perdidos ou mal aproveitados no reveillon seguinte...e aí, manda descer whisk.
Então, embora tenha mostrado meu dedo médio para essas promessas que a gente faz na última reunião do ano com os amigos, foi impossível escapar daquelas reflexões que, mais cedo ou mais tarde, em um banho ou em uma noite ínsone te pegam nos primeiros fôlegos dessa nova sequência de doze meses.
Eu pensava sobre o quanto o tempo me parece estar passando rápido, em como pareceu ter sido ontem outros janeiros, em como pareceu ter sido semana passada eventos, datas e momentos que já estão consideravelmente distantes, em como os dias se confundem uns nos outros em uma marcha que parece cada vez mais frenética.
E, de repente, eu me percebi tão mergulhada em questões que deveriam ser periféricas, estar ao meu redor e não, de maneira alguma, ocupando o centro da minha vida.
Como a minha felicidade tem servido - e se sacrificado - às coisas que, na verdade, deveriam concorrer pra que eu fosse mais feliz, tivesse mais conforto, enfim, a ordem das coisas está completamente invertida. E por ser realmente muito convicta de que a vida, em si e por si, não tem sentido algum e que você precisa emprestar-lhe uma razão de ser, temi pelos meus próximos janeiros, meus próximos aniversários e por um fim de estrada em que eu me pergunte: "Pra que, afinal, foi isso tudo?", e não consiga nenhuma resposta além de "nada".
E aí foi impossível não tomar a resolução - não uma resolução de ano novo, mas uma resolução a propósito do pensamento que o ano novo me trouxe - Eu, eu e eu em 2009!

terça-feira, janeiro 13, 2009

Asa em cobra


Todos os outros foras do Globo de Ouro à parte, e minha rabugice de alto-verão-presa-em-Belo-Horizonte me permite achar que foram muitos, eu pergunto: Pra que, diabos, ter um corpo como o da Beyoncè Knowles, se você acaba usando um vestido desta "catiguria" (lembrou dessa?)?

Glória ao Pai, algum iluminado disse a ela que existem outros penteados além daquele moicano que ela estava usando em, sistematicamente, todas as aparições já há uns seis meses.
Cancelo ou não minha matrícula na academia?
=D

domingo, outubro 26, 2008

Esse é o melhor dia..

Esse é o melhor dia, amor.
Vem e deixa o calor envolver os teus sonhos arrefecidos
e a nova estação emprestar-lhes suas cores vívidas.
Esse é o melhor dia, amor.
Porque do passado nada se recobra, nem um único segundo, uma palavra ou um suspiro.
E o futuro é uma mera pretensão da nossa teimosa negativa da finitude de tudo.

Esse é o melhor dia, amor, porque ele é teu.
E todas as possibilidades se levantaram com o sol.
E hoje também é o dia de descobrir as delícias das impossibilidades que tornam-se reais.

A eternidade está encerrada no hoje, amor.
Esse é o melhor dia.
É o melhor dia pra que eu te ame também.


Grata por minhas inspirações.

sábado, outubro 11, 2008

The Fool


Enamorada de coisas que não estão plantadas ao chão. Eu nunca tive muita afinidade com coisas muito distantes das nuvens, e puxa, isso por vezes me traz muitos problemas.
Impulsiva. Compulsiva.
Os deuses sabem de todo sangue, suor e lágrimas (adoro dizer que estou vertendo sangue, suor e lágrimas) que tenho derramado pra conseguir ser uma espartana..disciplinada, pragmática, cirúrgica, realista...mas basta uma borboleta e bye bye austeridade.
Fico excitada (muito excitada), apaixonada, enlouquecida, cheia de endorfina quando vivo assim, caminhando com os pés à beira dos abismos, tentando alcançar o que se costuma reputar por inalcançável.
É isso, gosto do "inalcançável"!
Gosto de improbabilidades, imprevistos, improvisos.
Amo e vivo em prol de coisas que tem "todas as chances do universo, menos uma, de dar errado".

domingo, outubro 05, 2008

Que Deus me Ajude!


Malgrado a intriga da oposição, eu juro que sou uma pessoa democrática e humanista. Vocês já repararam que o "humanismo" e bota força nas aspas aqui, hoje em dia é tipo sangüíneo (ops, olha o acordo ortográfico aí) comum?
Mas agora, cá entre nós, votar no Leonardo Quintão, não tem perdão.

"Sou"


Já fazia algum tempo que eu não tinha a fantástica sensação de pensar que uma faixa de um cd seria a minha favorita até ouvir a seguinte e, assim sucessivamente, até o final do disco.
A proeza foi do Marcelo Camelo, ex Los Hermanos (banda que também tem seu imorredouro lugar neste coração).
Eu juro que depois de ouvir várias das músicas, eu até ousei procurar em algum lugar uma inscrição do tipo, Ei, Giselle, essa foi pra você! hahaha...
O disco é lindo, realmente! E eu não perco o show de lançamento aqui em Belo Horizonte nem por intervenção papal.
Quem tem ouvidos para ouvir o que diz o espírito, ouça! :D